quarta-feira, 6 de setembro de 2017

Little Witch Academia


Eu sou uma pessoa muito retrô. A vasta maioria dos animes que vejo são de 10 a 50 anos atrás. Mas existem algumas produções mais recentes pelas quais me interessei, como Jojo’s Bizarre Adventure, Boku no Hero Academia e a série deste artigo que vos escrevo.

Little Witch Academia
é uma animação japonesa de 2017 produzida pelo Studio Trigger, um estúdio novo, fundado nesta década, mas já famoso graças a essa obra e a um anime chamado Kill la Kill, de 2013. Este não me chamou muito a atenção devido ao seu conteúdo vulgarizado – apesar de eu tê-lo assistido inteiro recentemente –, mas Little Witch me ganhou só pelas imagens de suas personagens carismáticas e pela premissa de uma garota atrapalhada treinando para se tornar uma grande bruxa.


PERSONAGENS

A protagonista é a Atsuko Kagari, mais conhecida como Akko, uma garota extrovertida, determinada e destrambelhada. Diferente de todas as outras alunas da escola de bruxas Luna Nova, Akko é apenas uma garota normal, então suas investidas no uso de magia são sempre uma caixinha de surpresas, geralmente pendendo para o lado negativo. A energia dessa menina é contagiante – duvido você não ficar com um baita sorriso no rosto com sua expressividade exagerada e suas risadas carregadas da mais pura alegria.


Mas talvez a característica mais marcante da Akko seja a inspiração inabalável que sente por uma bruxa chamada Shiny Chariot. Seus olhos brilham mais que a luz do sol quando pensa nessa figura, cuja é sua maior motivação para realizar seu sonho – se tornar uma bruxa que trará alegria a todos com sua magia brilhante e excitante, assim como seu ídolo. Apesar de Chariot ter uma fama negativa no mundo da feitiçaria, a menina não se importa nem um tiquinho com isso e, sempre que tem a oportunidade, grita do fundo de seu coração como virará uma bruxa maravilhosa igual ela.

Akko com uma carta de sua grande inspiração.

A Akko tem duas melhores amigas na escola. Uma delas é a Lotte Yanson, uma doce e amável mocinha que dá o melhor de si para ajudar sua amiga atrapalhada, mesmo com todas as peripécias que apronta. Ela é muito tímida e introvertida, mas tem uma linda voz de canto capaz de se comunicar com espíritos que residem em objetos antigos.

Fofa. Adoro ela muito muito muito.

A outra melhor amiga é a Sucy Manbavaran, uma garota apática e sinistra, fascinada por cogumelos venenosos com os quais faz macabras poções e sempre usa a Akko de cobaia para testá-las. As únicas coisas que botam um sorriso em seu rosto são assuntos de morte e ver o caos instaurado nos lugares. Apesar dessa descrição que afastaria qualquer um dela, a Sucy no fundo é uma boa pessoa, e só uma garota irradiante como a Akko para mostrar que existe um brilho em seu coração.


Mesmo com suas pífias habilidades mágicas, a Akko tem uma rival em Luna Nova….pelo menos é assim que ela enxerga a Diana Cavendish, aluna mais prestigiada do colégio, capaz de executar as mais avançadas magias e dotada de quase todo o conhecimento do mundo das bruxas. Há quem ache que ela é apenas uma patricinha esnobe e invejosa, mas não é bem assim. Abordarei esse assunto mais pra frente no artigo.


Ao seu lado estão sempre a Hannah e a Barbara, duas frescas que ficam paparicando a Diana por cada passo que dá e zombando a Akko por sua inabilidade em usar magia. Mas diferente de sua hábil amiga, que a despreza com “propriedade” de acordo com seus ideais, essas são duas inúteis que não sabem fazer nada além de lamber as botas da Srta. Cavendish, enquanto a Akko tem uma ambição de vida e dá o melhor de si, mesmo com todas as adversidades que enfrenta.

Nem sei por que gastei um parágrafo falando dessas duas nojentas.

Já apresentei dois trios de amizade, mas ainda falta um! O trio composto por Amanda O’Neill, uma delinquente metida a garoto, mas exímia dançarina; a Constanze Amalie von Braunschbank-Albrechtsberger, uma baixinha engenheira eletrônica que constrói robôs e mecanismos avançados, mas é muda e odeia gente barulhenta; e a Jasminka Antonenko, uma gordinha sorridente que não para de comer um segundo sequer e tem um estoque infinito de comida.


No colégio, apenas uma professora simpatiza com a atrapalhada protagonista - a Ursula Callistis. Diferente de todo o corpo docente, ela é jovem e bonita, e é a única entusiasmada em ajudar a Akko a realizar seu sonho. Mas apesar de parecer uma simples professora nova, muito mistério ronda a sua pessoa...


O resto do corpo docente é composto por diversas senhoras e anciãs das mais variadas personalidades. Tem a diretora condescendente, a rígida coordenadora, a treinadora de voo machona, a especialista em poções louca de pedra e até uma professora que é um peixe!


Porém, na segunda metade da série, uma figura enigmática se junta ao elenco de professoras - a bruxa Croix. Como se o seu visual já não entregasse, ela é especializada em magia moderna e faz uso de tudo que há de tecnológico e digital no mundo. Ela chega à Luna Nova com o intuito de mudar a imagem - em sua concepção - obsoleta da magia e acertar umas pendências do passado com a profª Ursula.

Ah, ela também é viciada em Cup Noodles. Quem não curte um miojinho, não é mesmo?

E sim, a série tem personagens masculinos! Mas são poucos e o único de grande relevância é o Andrew da família Hanbridge, uma das mais influentes do país na política. Assim como seu pai, tem uma visão negativa da magia, mesmo sendo amigo de infância da Diana, que é uma das bruxas mais formidáveis da atualidade. Mas essa sua impressão começa a mudar ao conhecer uma bruxinha peculiar chamada Akko Kagari.


Mas antes de mergulhar de cabeça na série, gostaria de falar um pouco sobre as duas produções que a precederam e que possibilitaram sua existência.

O CAMINHO ATÉ A SÉRIE


Little Witch Academia nasceu em 2013 com um curta de 23 minutos, parte do Young Animator’s Training Project, uma iniciativa do governo japonês focada em capacitar novos animadores a trabalhar na indústria de animes. Yoh Yoshinari, que já trabalhou como animador chave em grandes séries como Neon Genesis Evangelion (meu review) e Tengen Toppa Gurren Lagann, ficou encarregado de liderar o projeto. 


Ele atuou como diretor, animador e supervisor da pequena equipe de jovens, guiando-os para que aprendessem o máximo possível sobre técnicas de animação, com muita prática envolvida. Toda essa atenciosidade e dedicação surtiu resultado – o curta foi altamente aclamado pelo público em seu lançamento, com diversos elogios ao trabalho de animação vivo e fluído, e também ao carisma de suas personagens, cujo design foi feito pelo próprio Yoshinari. O trabalho competente do diretor pode ser conferido neste making of de mais de 1 hora de duração (apenas com legendas em inglês).

                                  

Sinceramente, eu não sou um grande fã do primeiro curta. Seu ritmo acelerado com pouco tempo para respiros não me agrada muito. É possível entender que existe essa garota comum, em meio a diversas bruxas, que é vista com maus olhos na escola devido à sua inspiração frívola e que ela quer ser como seu ídolo, mas a breve duração da produção faz com que tudo aconteça depressa demais. Isso impossibilita que esse universo que nos foi apresentado seja explorado da maneira devida, deixando um gostinho de “quero mais” na boca, especialmente em relação às suas personagens cheias de potencial.


Por sorte, esse gostinho veio a ser saciado com a sequência lançada em 2015, The Enchanted Parade. Agora com 55 minutos de duração, Yoshinari retornou com a mesma equipe de jovens para executar o projeto, dessa vez possibilitado graças à ajuda de crowdfunding via Kickstarter. O sucesso da produção de 2013 foi tão grande que a campanha do site atingiu sua meta de 150 mil dólares em apenas 5 horas e arrecadou um total de $625,518! Com esse orçamento, foi possível produzir uma obra mais completa e de qualidade ainda maior do que a anterior. O esforço da equipe foi documentado novamente em um making of que mostra os apertos e sofrimentos dessa árdua profissão de animador.

                                  

Porém, quando o resultado dessas adversidades é um produto como The Enchanted Parade, a sensação de gratificação deve ser enorme. A obra retifica tudo o que me incomodou na anterior – a duração maior permite com que o ritmo seja mais pacífico e que as situações sejam abordadas de um jeito que nos possibilita absorvê-las devidamente.

Não há nada que te aproxime mais de um personagem do que um momento de reflexão durante o pôr-do-sol.

Mas a grande vitória dessa animação está no desenvolvimento das personagens e em seus relacionamentos. As características e trejeitos de suas personalidades, brevemente mostrados no curta de 2013, são amplamente expandidos e melhor explorados. Essa obra definiu a maneira de agir e pensar de cada um deles e elevou seus carismas a um nível extremo, sem contar que foi aqui que o trio Amanda, Constanze e Jasminka foi introduzido. Eu já apresentei todas as personagens na primeira seção desse artigo e mostrei como as adoro, então pelo foco deste filme ser a relação entre estas, ele me ganhou por completo.

Boa, Yoshinari!

O fato de essas duas produções terem sido lançadas antes da série cria uma experiência inédita se você os assiste antes, como eu, pois a série mostra como a Akko entrou na escola de bruxas, então logo no começo do primeiro episódio quando ela tá super empolgada por estar indo à Luna Nova, você também fica todo alegre por já conhecer essa personagem e um pouco de sua história. Ver como ela, a Lotte e a Sucy se conhecem é mais envolvente quando já assistiu às duas obras anteriores por já saber como elas são amigas inseparáveis no futuro. O fato de já conhecer a Amanda, a Constanze e a Jasminka faz com que sua reação à primeira aparição delas na série não seja “Olha, três personagens novas. Legal.”, mas sim “Aeeee, o trio de garotas que ajudou a Akko a organizar a parada Happy Time! YAYYY!!”. Isso agrega um valor muito positivo à experiência.



VISUAL

Sinceramente, não tenho muito o que falar sobre a arte da série. Tudo é brilhante e vívido - a distribuição de cores abusa da alta saturação; os cenários com forte inspiração européia se destacam por sua estética artesanal; a animação é fluidíssima, especialmente na expressividade das personagens e nas sequências mágicas. O visual de Little Witch Academia é como um feitiço do Shiny Rod que enche seus olhos de brilho.


Mas se tem um aspecto da arte que merece destaque é o character design. Em grande parte dos animes, a maioria dos personagens se parecem entre si, especialmente em seus rostos. Já essa animação foge do convencional e apresenta um elenco de figuras visualmente distintos. Volte à seção PERSONAGENS e tente procurar faces similares. Você vai perceber como a maioria delas é única em seu design.

O mais fascinante é que até os olhos são em maior parte distintos uns dos outros.

Claro, suas vestimentas são parecidas, porque a série se passa em um colégio, né, o uniforme é o mesmo para todos. Mas ainda assim há algumas individualidades - o vestido da Akko é curto e vai até um pouco abaixo da cintura, já o da Lotte é maior e cobre até o joelho, enquanto o da Sucy a cobre por completo ao ponto de arrastar o tecido no chão. O mais interessante disso é que essas distinções de roupas refletem suas personalidades, com a Akko sendo mais livre e relaxada, a Lotte mais reservada, e a Sucy completamente reclusa - seu vestido até passa a impressão de uma bruxa malvada tradicional, o que combina perfeitamente com ela.


ÁUDIO

A trilha sonora da série é boa, porém não muito memorável. As músicas combinam com tudo o que é mostrado em tela, mas são poucas as que ficam na sua cabeça e que você sente vontade de procurar depois na internet para escutar novamente. As composições que mais se destacam são a tema da Shiny Chariot, que pode ser considerada a tema definitiva da franquia, e a peça que toca algumas vezes quando a Akko está fazendo algo mirabolante. Talvez em uma segunda assistida a trilha sonora tenha mais chances de se fixar em minha mente, mas por ora esse é o meu veredito.

                             

Agora, se tem algum aspecto marcante da música dessa série, são as aberturas e encerramentos. Little Witch Academia é uma rara exceção à regra de que as aberturas são melhores do que os encerramentos, pois eu gosto igualmente de todas elas. Mais raro ainda é o fato de que cada uma dessas tem um significado para mim.

O nome da primeira abertura, Shiny Ray, já diz tudo – ela representa os raios brilhantes do Shiny Rod, o báculo da maior inspiração da Akko, a Shiny Chariot. O brilho de todos os elementos que envolvem a garota simbolizam a importância de seu ídolo em sua vida, desde sua infância até sua fase atual. É essa luz que a guia em sua jornada, como a letra da música mostra: “hakanai mama no ima o dakishimete / kawaranai mama jikan to / hikari mitsumete aruiteku (Abraçando cada momento como se fosse único / Fixarei meus olhos nessa luz / E continuarei seguindo adiante)”.

                             

O primeiro encerramento se chama Hoshi wo Tadoreba, cuja tradução é “se você seguir as estrelas”. A série tem dois temas centrais: a inspiração da Akko, abordado em Shiny Ray, e a importância das amizades em sua vida, tratado nessa canção. Mais simples impossível, nos é mostrado uma série de ilustrações da Akko e de suas amigas vivendo suas vidas. Munido de uma linda música que representa com maestria a amizade do trio principal, não é necessário nada além dessa simplicidade para ter um encerramento perfeito, assim como esse trecho da letra: “sou naite waratte tabete netemo / kuyokuyo shichaisou na toki demo / soba ni itekurete arigatou / mata ashita ne! (Através das lágrimas, dos sorrisos, das horas em que comemos e dormimos / E todos os momentos em que tivemos preocupações / Muito obrigada por ter estado ao meu lado / Até amanhã!)”.

                              

Se a primeira abertura trata da importância da inspiração e o primeiro encerramento da importância das amizades, Mind Conductor, a segunda abertura, trata da união desses dois elementos na hora de agir, da importância deles para enfrentar os obstáculos da vida. Enquanto Shiny Ray tem uma sonoridade leve e mostra a Akko encantada com o brilho de sua inspiração, Mind Conductor é um rock mais pesado e conta com um olhar de determinação no rosto da garota, que mostra não ter medo do que vem pela frente, pensamento que se intensifica quando a melodia ascende durante o refrão e é incrementada com uma orquestra. Com a ajuda de suas amizades e sua inspiração ardendo em seu coração, “donna toki mo shinjite iru yo / kono sekai o, jibun no yume o (Eu nunca vou deixar de acreditar neste mundo e em meus sonhos)”.

                              

Apresentada com uma animação minimalista fantástica, a canção do segundo encerramento é Toumei na Tsubasa, do japonês “asas transparentes”. Essa peça representa um momento de reflexão em sua vida, até mesmo de insegurança (“Minha habilidades não são páreas para as minhas fantasias”), mas nunca de desistência (“Mesmo assim, meu coração não vê a hora de encontrá-las”), pois ela tem suas asas transparentes – as motivações que permitem com que voe em direção ao seu sonho, sejam elas sua inspiração na Chariot, seu aprendizado diário ou suas grandes amizades. Se transformando graças a esses elementos e “toumei na tsubasa habatakasetara / akogareteta ashita e kitto (Desdobrando minhas asas transparentes ao céu / Sinto que posso me aproximar do amanhã que eu desejo)”.

                                

Que eu me emociono quando escuto uma música de alguma obra que eu admiro não é novidade pra ninguém se você leu minhas resenhas anteriores, mas devo dizer que o que sinto com as aberturas e encerramentos dessa série ultrapassa qualquer outra. É difícil de descrever algo tão idiossincrático como a sensação que me domina ao ouvi-las. Eu consigo sentir o brilho que cerca a Akko na primeira abertura ao escutar Shiny Ray e isso me enche de alegria. Quando chega no refrão de Mind Conductor, as lágrimas correm naturalmente antes que eu me dê conta. É algo tão forte, um calafrio tão intenso que chega a estremecer o coração.

E as análises que fiz sobre as músicas não valem só para o contexto da série - eu também sigo em minha vida tudo o que essas canções representam.

Para fechar a seção, gostaria de falar que o trabalho de dublagem é ótimo, adoro a voz de todas as personagens, mas tem uma dubladora que se destaca entre todas e faz uma das melhores atuações que já tive o prazer de ver em um anime – Megumi Han, a voz da Akko. Eu não consigo nem imaginar outra pessoa dando vida à personalidade maluca dela, com todos seus gritos histéricos, grunhidos e gargalhadas. A maneira com que ela transmite sua felicidade, a voz que faz quando está confusa, os seus “yayys!”... É evidente como a dubladora ama a personagem e isso se reflete em seu trabalho absurdamente acima da média.

MAGIA ULTRAPASSADA

Apesar de eu adorar Little Witch Academia, alguns problemas me incomodaram. Um deles são os famosos clichês, especialmente ao que se refere a resoluções de situações em alguns episódios, quando optam pelo previsível e não arriscam algo novo.

Contudo, o problema mais agravante certamente é o rumo que a trama toma a partir de sua segunda metade. Antes disso, o foco era majoritariamente no sonho da Akko e em suas relações, a mostrando curtindo a vida com suas amizades enquanto cresce gradativamente como uma bruxa, errando e aprendendo. O formato da série era praticamente episódico, sem uma grande trama que girasse a história e se desenvolvesse ao longo dos episódios - era puramente o aprendizado diário da Akko.

Com uma personagem principal que transborda carisma como ela, esse formato é mais que perfeito.

Mesmo com a Akko ainda como o tema central, a introdução da Croix como vilã na segunda metade traz consigo uma trama focada em um antagonismo muito exagerado. Sua ambição em se vingar da Chariot por ter sido a escolhida pelo Shiny Rod em vez dela é um enredo tão batido que você consegue prever até o desfecho. O penúltimo episódio é focado quase que inteiramente nesse conflito, cheio de ação e explosões que só são artifícios deslumbrantes para aqueles que não se contentam com a simplicidade da história de uma garota em busca de sua inspiração. Simplicidade essa que chega a ser mais bombástica do que qualquer ameaça explosiva em escala global.

"Sou do mal".

Infelizmente, esses defeitos subtraem seu desfrute completo da obra.......ou pelo menos é o que deveria acontecer comigo, mas...

O CORAÇÃO QUE ACREDITA

Como falei no primeiro parágrafo da seção anterior, eu adoro essa série. Não... Não é só adoração que sinto por ela... É amor. Eu AMO Little Witch Academia. Seria no mínimo estranho eu escrever tudo aquilo sobre as aberturas e encerramentos se eu apenas adorasse essa animação.

Um dos principais motivos por eu amá-la é pela maneira formidável como ela aborda um tema essencial para nosso desenvolvimento pessoal e profissional – a inspiração. Eu expliquei detalhadamente isso quando apresentei a personagem e falei sobre as aberturas e encerramentos, mas volto a repetir: a maior inspiração da Akko é a Shiny Chariot e é isso o que lhe motiva a perseguir seu maior sonho. Mesmo que tentem diminuí-la por isso, o sentimento ardente em seu coração não permite que seja abalada.


Pode parecer confuso, mas a maneira como a Akko se inspira é inspiradora para mim. Ela me mostrou que você não deve ter vergonha daquilo que te motiva, independente do que seja. Nas situações do dia-a-dia, as vezes eu hesitava em falar da importância de certos animes pra mim, mas aí eu percebia como a influência deles na formação da minha pessoa era grande de mais para deixar de expressar meus sentimentos quanto a eles.

Sempre que tenho a oportunidade eu falo como os filmes do Studio Ghibli me transformaram no que sou hoje e como Sussurros do Coração é minha maior inspiração de vida. Independente se Sakura Card Captors é considerada uma animação para garotas, eu exponho claramente como essa série me faz me sentir maravilhoso. Se as pessoas vão rir de você, isso não importa. O importante é acreditar naquilo que te inspira. Por que? Porque “um coração que acredita é a sua magia”.

Abrace suas inspirações e transforme-as em suas asas transparentes.

Agora eu gostaria de defender a Diana, muitas vezes injustiçada e taxada como patricinha invejosa por aí. Vinda de uma família renomada no mundo das bruxas, ela tem como missão carregar o legado do nome Cavendish após o falecimento de sua mãe e impedir que a magia caia no esquecimento. Ela se sente no dever de ser a bruxa mais hábil da atualidade, o que a faz parecer esnobe as vezes. Ver o jeito desengonçado da Akko usar magia, quase como se fosse brincadeira, chega a ser uma afronta para a garota. Mas com o passar do tempo ela percebe que ambas as duas têm um fervor imparável em seus corações de não deixar a magia morrer.

Até a fonte de inspiração das duas é a mesma, mas por ser de uma família respeitada, Diana não pode expor isso livremente como a Akko, então a mantém guardada em seu coração.

Um caso parecido com o dela é o do Andrew Hanbridge. Filho de um ministro e de uma família importante na política, ele é obrigado a seguir os passos do pai para um dia assumir seu cargo, o que significa que deve agir de uma maneira imposta sobre ele e não pode nem cogitar querer tomar outro rumo para seu futuro. Durante sua vida, apenas conviveu com pessoas em situações similares a sua, então quando conhece a Akko, com toda sua liberdade de ações e pensamentos e que segue com veemência seu grande sonho, um novo horizonte se abre para o garoto. Na nossa vida é assim também – conhecer novas pessoas e vivenciar novas experiências é a única maneira de expandir seus horizontes.


É fácil de se relacionar com os personagens dessa série. São poucas as animações que trabalham com fantasia que conseguem criar um vínculo de empatia entre os personagens e o telespectador, mas Little Witch Academia excede nesse quesito por criar figuras não muito diferentes de nós, com ambições e problemas similares. Além da protagonista, eu também me identifico muito com a Lotte, tanto que não posso vê-la cabisbaixa ou preocupada que já fico triste. Naquele momento em que ela reencontra a Akko depois do sumiço dela, nossa, eu me senti na pele dela, chorando de felicidade.


E isso é algo de suma importância, pois, além de ser uma obra inspiradora, essa animação também te deixa mais feliz do que criança em piscina de bolinhas. A fissura da Lotte pelos livros de Nightfall, as situações caóticas que a Sucy cria, a marrentice da Amanda, a gulodice da Jasminka, o jeito da Constanze de lidar com as pessoas, a interação entre as professoras, e tudo, TUDO que a Akko faz... Talvez a magia mais eficaz dessa série seja a felicidade que ela te proporciona.

O fato é que os defeitos que mencionei na seção anterior deveriam subtrair meu desfrute da obra, mas os pontos positivos são tão fortes que eles invalidam qualquer ponto negativo. Alguns clichês como as pessoas torcendo e dando energia para as bruxas conseguirem força, em vez de ser tosco, se torna algo lindo de se assistir devido à afinidade que você criou com essas personagens. Quando o último episódio terminou, eu fiquei meio confuso se tinha gostado ou não. Foi aí que a cena abaixo me veio à mente:


Quando percebi o significado simbólico desse momento, até fiquei arrepiado. Todos os mecanismos da Croix, que representam o antagonismo exacerbado da personagem e os clichês que provêm disso, são transformados em beleza natural pela magia da Akko. Na magia dessa garota estão embutidos o conteúdo inspirador, os personagens relacionáveis e a mais pura felicidade. Esse feitiço transcende a tela do dispositivo que você está assistindo e te envolve com todos esses elementos, te transforma.

CONCLUSÃO

Quando comecei essa série, eu sabia que seria uma ótima experiência assisti-la, só não imaginei que me apaixonaria tanto como aconteceu. A luz do Shiny Rod se instaurou em meu coração como uma fonte de inspiração e de felicidade. Little Witch Academia se tornou mais um componente das asas transparentes que me permitem voar em direção ao meu futuro.

      

-por Vinicius "vini64" Pires

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Comentários
1 Comentários

Um comentário:

anderson disse...

Deve-se lembrar que na versão inicial Diana realmente era má e
preconceituosa e até salvar Akko perdia o valor quando ainda a
chamava de oriental inferior .E nem vou falar do primeiro mangá
onde ela parece pronta para entrar para o exército de Voldemort.
Obviamente os criadores perceberam que sua personagem acabaria
odiada e lhe deram uma personalidade nova na série de tv ,chegando
ao ponto de quem a detestava nos ovas agora a achar mais heróica
que a protaganista(em compensação Hannah e Barbara se tornaram
a principal causa de ódio nos fãs e muitos não engolem sua presença
na série final).